30 de jun. de 2010
29 de jun. de 2010
Música com letra(poesia) D+ "I Want To Know What Love Is"
"I gotta take a little time
A little time to think things over
I better read between the lines
In case I need it when I'm older
In my life there's been heartache and pain
I don't know if I can face it again
I can't stop now, I've traveled so far
To change this lonely life
I wanna know what love is
I want you to show me
I wanna feel what love is
I know you can show me
I'm gonna take a little time
A little time to look around me
I've got nowhere left to hide
It looks like love has finally found me
In my life there's been heartache and pain
I don't know if I can face it again
I can't stop now, I've traveled so far
To change this lonely life
I wanna know what love is
I want you to show me
I wanna feel what love is
I know you can show me..."
A little time to think things over
I better read between the lines
In case I need it when I'm older
In my life there's been heartache and pain
I don't know if I can face it again
I can't stop now, I've traveled so far
To change this lonely life
I wanna know what love is
I want you to show me
I wanna feel what love is
I know you can show me
I'm gonna take a little time
A little time to look around me
I've got nowhere left to hide
It looks like love has finally found me
In my life there's been heartache and pain
I don't know if I can face it again
I can't stop now, I've traveled so far
To change this lonely life
I wanna know what love is
I want you to show me
I wanna feel what love is
I know you can show me..."
27 de jun. de 2010
LEITURA
26 de jun. de 2010
Friedrich Nietzsche
24 de jun. de 2010
(_____________)
23 de jun. de 2010
22 de jun. de 2010
21 de jun. de 2010
AU AU
"Se um cachorro fosse o seu professor, você aprenderia coisas assim:
*Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
*Nunca perca uma oportunidade de ir passear.
*Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
*Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
*Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
*Corra, pule e brinque todos os dias.
*Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.
*Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
*Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquidos e
deite debaixo da sombra de uma árvore.
*Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
*Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta
culpado...volte e faça as pazes novamente.
*Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
*Se alimente com gosto e entusiasmo.
*Coma só o suficiente.
*Seja leal.
*Nunca pretenda ser o que você não é.
E o MAIS importante de tudo....
*Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por
perto e mostre que você está ali para confortar.
*A amizade verdadeira não aceita imitações!!!
E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM ANIMAL QUE, DIZEM SER IRRACIONAL !!!!"
*Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
*Nunca perca uma oportunidade de ir passear.
*Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
*Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
*Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
*Corra, pule e brinque todos os dias.
*Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.
*Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
*Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquidos e
deite debaixo da sombra de uma árvore.
*Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
*Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta
culpado...volte e faça as pazes novamente.
*Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
*Se alimente com gosto e entusiasmo.
*Coma só o suficiente.
*Seja leal.
*Nunca pretenda ser o que você não é.
E o MAIS importante de tudo....
*Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por
perto e mostre que você está ali para confortar.
*A amizade verdadeira não aceita imitações!!!
E NÓS PRECISAMOS APRENDER ISTO COM UM ANIMAL QUE, DIZEM SER IRRACIONAL !!!!"
20 de jun. de 2010
- Outono - Djavan -
"Um olhar uma luz ou um par de pérolas
Mesmo sendo azuis sou teu e te devo
Por essa riqueza
Uma boca que eu sei
Não porque me fala lindo
E sim, beija bem
Tudo é viável pra quem faz com prazer
Sedução, frenesi
Sinto você assim, sensual, árvore
Espécie escolhida, pra ser a mão do ouro
O outono traduzir viver o esplendor em si.....
Tua pele um bourbon me aquece como eu quero
Sweet home gostar é atual além de ser tão bom..."
19 de jun. de 2010
18 de jun. de 2010
+ José Saramago +
17 de jun. de 2010
Khalil Gibran.
16 de jun. de 2010
15 de jun. de 2010
14 de jun. de 2010
13 de jun. de 2010
APAIXONE-SE ! !
"Apaixone-se pela manhã, que em todos os dias te levanta com os pés firmes no chão.
Apaixone-se pelas canções, que mesmo quando todos se calam, elas ainda sussurram o refrão em seus ouvidos.
Apaixone-se pelo hoje, que te faz respirar, enxergar, sentir, viver...
Apaixone por você, pois não existirá ninguém melhor para se amar do que a si mesmo, pois só descobrimos o que é amor, quando nos apaixonamos primeiramente por nós mesmos.
Apaixone-se pela vida, ela é o único presente que você diz que não pediu, mas que jamais deseja perder.
Apaixone-se mil vezes pela mesma coisa, se esse sentimento te faz crescer, apaixone-se cada dia mais e mais.
Apaixone-se pelos dias, eles passam depressa e quando você menos esperar eles já não existem mais.
Apaixone-se por cada conversa, pois ela pode ser definitiva dependendo da circunstância.
Apaixone-se pela dança, principalmente se for a dois, pois ela te faz sentir vivo, capaz.
Apaixone-se por quem te faz sorrir, pois essa pessoa merece muito mais do que você imagina.
Apaixone-se! A vida te presenteia quando você se entrega e acredita no amor.
Apaixone-se pela vontade de amar, pois existirá um momento em que sozinho não dará mais para ficar.
Algumas pessoas sentem medo de se apaixonar, e no entanto não se dão a oportunidade para apaixonar-se por um sonho.
A vida é curta e na entrega ao medo perdemos um tempo precioso.
Apaixone-se por um sonho, acredite que tudo dará certo, pois somente a sua fé trará seu sonho pra perto de você.
Você poderá se perder em meio a uma multidão, mas alguém predestinado irá te encontrar, basta você acreditar.
Você poderá sentir solidão, querer e não ter alguém para compartilhar um desejo... mas acredite, esse alguém está chegando, é que por algum motivo algo o atrasou, mas a sua fé o trará para perto de você.
Apaixone-se, pois uma vida repleta de canções te espera.
E o amor simplesmente virá trazendo consigo uma alma apaixonada.
Apaixone-se, pois no final poderá contemplar a magia de tudo aquilo que teve fé.
Tudo tem hora e lugar para acontecer, basta você confiar, confiar que tudo que aconteceu é merecimento por seus sinceros desejos.
O tempo vai passar, e com ele você irá envelhecer...
E nessa rotina da vida, nunca se esqueça...
Apaixone-se mil vezes por você, seja em qual época ou lugar for...
APAIXONE-SE!"
Apaixone-se pelas canções, que mesmo quando todos se calam, elas ainda sussurram o refrão em seus ouvidos.
Apaixone-se pelo hoje, que te faz respirar, enxergar, sentir, viver...
Apaixone por você, pois não existirá ninguém melhor para se amar do que a si mesmo, pois só descobrimos o que é amor, quando nos apaixonamos primeiramente por nós mesmos.
Apaixone-se pela vida, ela é o único presente que você diz que não pediu, mas que jamais deseja perder.
Apaixone-se mil vezes pela mesma coisa, se esse sentimento te faz crescer, apaixone-se cada dia mais e mais.
Apaixone-se pelos dias, eles passam depressa e quando você menos esperar eles já não existem mais.
Apaixone-se por cada conversa, pois ela pode ser definitiva dependendo da circunstância.
Apaixone-se pela dança, principalmente se for a dois, pois ela te faz sentir vivo, capaz.
Apaixone-se por quem te faz sorrir, pois essa pessoa merece muito mais do que você imagina.
Apaixone-se! A vida te presenteia quando você se entrega e acredita no amor.
Apaixone-se pela vontade de amar, pois existirá um momento em que sozinho não dará mais para ficar.
Algumas pessoas sentem medo de se apaixonar, e no entanto não se dão a oportunidade para apaixonar-se por um sonho.
A vida é curta e na entrega ao medo perdemos um tempo precioso.
Apaixone-se por um sonho, acredite que tudo dará certo, pois somente a sua fé trará seu sonho pra perto de você.
Você poderá se perder em meio a uma multidão, mas alguém predestinado irá te encontrar, basta você acreditar.
Você poderá sentir solidão, querer e não ter alguém para compartilhar um desejo... mas acredite, esse alguém está chegando, é que por algum motivo algo o atrasou, mas a sua fé o trará para perto de você.
Apaixone-se, pois uma vida repleta de canções te espera.
E o amor simplesmente virá trazendo consigo uma alma apaixonada.
Apaixone-se, pois no final poderá contemplar a magia de tudo aquilo que teve fé.
Tudo tem hora e lugar para acontecer, basta você confiar, confiar que tudo que aconteceu é merecimento por seus sinceros desejos.
O tempo vai passar, e com ele você irá envelhecer...
E nessa rotina da vida, nunca se esqueça...
Apaixone-se mil vezes por você, seja em qual época ou lugar for...
APAIXONE-SE!"
12 de jun. de 2010
11 de jun. de 2010
^^^^^FÉ^^^^^
10 de jun. de 2010
Fiodor Dostoievski
9 de jun. de 2010
Oscar Wilde
8 de jun. de 2010
MARTHA MEDEIROS = M.M.
"Feliz por nada"
"Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso."
"Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso."
7 de jun. de 2010
A JANELA DOS OUTROS / M.M.
"Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche chorou, A cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os desafios da terapia,
em que ele discute alguns relacionamentos-padrão entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto
me fascina.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade
de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e a degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.
Muitos anos depois essa mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, dessa vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo,
o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se
abateu sobre ela por não ter levado em consideração o comentário de seu pai, que a essa altura já havia falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa
que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que
o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que
as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua
própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vistas, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de
graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos
e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida."
em que ele discute alguns relacionamentos-padrão entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto
me fascina.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade
de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e a degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.
Muitos anos depois essa mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, dessa vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo,
o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se
abateu sobre ela por não ter levado em consideração o comentário de seu pai, que a essa altura já havia falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa
que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que
o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que
as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua
própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vistas, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de
graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos
e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida."
6 de jun. de 2010
POVOAR A SOLIDÃO = M.M.
"A sua é de que tamanho? Difícil encontrar alguém que tenha uma solidão pequena, ajustada, do tipo baby look. Geralmente a solidão é larga, esgarçada, como uma camiseta que poderia vestir outros corpos além do nosso. E costuma ser com outros corpos que se tenta combatê-la, mas combatê-la por quê?
Se nossa solidão pudesse ser visualizada, ela seria um vasto campo abandonado, um estádio de futebol numa segunda-feira de manhã. Dói, mas tem poesia. Talvez seja
por aí que devamos reavaliá-la: no reconhecimento do que há de belo na sua amplitude.
A solidão não precisa ser aniquilada, ela só precisa de um sentido. Eu não saberia dizer que outra coisa mais benéfica para isso do que livros. Uma biblioteca com
mil volumes é um exército que não combate a solidão, mas a ela se alia.
A solidão costuma ser tratada como algo deslocado da realidade, como um tumor que invade um órgão vital. Ah, se todos os tumores pudessem ser curados com amigos.
Uma pessoa que não fez amigos não teve pela sua vida nenhum respeito. Nossa solidão é nossa casa e necessita abrir horários de visita, hospedar, convidar para o
almoço, cozinhar com afeto, revelar-se uma solidão anfitriã, que gosta de ouvir as histórias das solidões dos outros, já que todos possuem seus descampados.
A solidão não precisa se valer apenas do monólogo. Pode aprender a dialogar, e deve exercitar isso também através da arte. Há sempre uma conversa silenciosa entre
o ator no palco e o sujeito no escuro da platéia, entre o pintor em seu ateliê e o visitante do museu, entre o escritor e o seu leitor desconhecido. Ah, os livros,
de novo. De todos os que preenchem nossa solidão, são os livros os mais anárquicos, os mais instigantes. Leia, e seu silêncio ganhará voz.
Às vezes tratamos nosso isolamento com certa afetação. Acendemos um cigarro na penumbra da sala, botamos um disco dilacerante e aguardamos pelas lágrimas. Já fizemos essa cena num final de domingo - tem dia mais solitário? É comum que a gente entre na fantasia de que nossa solidão daria um filme noir, mas sem esquecer que ela
continuará conosco amanhã e depois de amanhã, deixando de ser charmosa e nos acompanhando até o supermercado. Suporte-a com bom humor ou com mau humor, mas não
a despreze.
Permita que sua solidão seja bem aproveitada, que ela não seja inútil. Não a cultive como uma doença, e sim como uma circunstância. Em vez de tentar expulsá-la,
habite-a com espiritualidade, estética, memória, inspiração, percepções. Não será menos solidão, apenas uma solidão mais povoada. Quem não sabe povoar sua solidão,
também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão, escreveu Baudelaire.
Ah, os livros, outra vez."
Se nossa solidão pudesse ser visualizada, ela seria um vasto campo abandonado, um estádio de futebol numa segunda-feira de manhã. Dói, mas tem poesia. Talvez seja
por aí que devamos reavaliá-la: no reconhecimento do que há de belo na sua amplitude.
A solidão não precisa ser aniquilada, ela só precisa de um sentido. Eu não saberia dizer que outra coisa mais benéfica para isso do que livros. Uma biblioteca com
mil volumes é um exército que não combate a solidão, mas a ela se alia.
A solidão costuma ser tratada como algo deslocado da realidade, como um tumor que invade um órgão vital. Ah, se todos os tumores pudessem ser curados com amigos.
Uma pessoa que não fez amigos não teve pela sua vida nenhum respeito. Nossa solidão é nossa casa e necessita abrir horários de visita, hospedar, convidar para o
almoço, cozinhar com afeto, revelar-se uma solidão anfitriã, que gosta de ouvir as histórias das solidões dos outros, já que todos possuem seus descampados.
A solidão não precisa se valer apenas do monólogo. Pode aprender a dialogar, e deve exercitar isso também através da arte. Há sempre uma conversa silenciosa entre
o ator no palco e o sujeito no escuro da platéia, entre o pintor em seu ateliê e o visitante do museu, entre o escritor e o seu leitor desconhecido. Ah, os livros,
de novo. De todos os que preenchem nossa solidão, são os livros os mais anárquicos, os mais instigantes. Leia, e seu silêncio ganhará voz.
Às vezes tratamos nosso isolamento com certa afetação. Acendemos um cigarro na penumbra da sala, botamos um disco dilacerante e aguardamos pelas lágrimas. Já fizemos essa cena num final de domingo - tem dia mais solitário? É comum que a gente entre na fantasia de que nossa solidão daria um filme noir, mas sem esquecer que ela
continuará conosco amanhã e depois de amanhã, deixando de ser charmosa e nos acompanhando até o supermercado. Suporte-a com bom humor ou com mau humor, mas não
a despreze.
Permita que sua solidão seja bem aproveitada, que ela não seja inútil. Não a cultive como uma doença, e sim como uma circunstância. Em vez de tentar expulsá-la,
habite-a com espiritualidade, estética, memória, inspiração, percepções. Não será menos solidão, apenas uma solidão mais povoada. Quem não sabe povoar sua solidão,
também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão, escreveu Baudelaire.
Ah, os livros, outra vez."
5 de jun. de 2010
PARAR DE PENSAR = M.M.
"Você encontra uma lâmpada mágica no meio do deserto, dá uma esfregadinha e de dentro sai um gênio meio afetado, que concede a você a realização de um desejo. Humm...
Você pediria um segundinho pra pensar? Eu não pensaria um segundo. Aliás, o meu desejo seria justamente este: por bem mais que um segundo, digamos por dois dias,
gostaria de parar de pensar. Parar totalmente de pensar. Ué, Saramago escreveu sobre um lugar em que as pessoas paravam de morrer. Salve a ficção, a casa de todos
os delírios. Que tal, temporariamente, parar de pensar?
Eu acordaria e não pensaria em nada. Sendo assim, voltaria a dormir, sem mais despertar todo dia às seis da manhã, como sempre faço, pensando em mil tranqueiras
e coisas a providenciar. Mas parar de pensar não impede a fome, então uma hora eu teria que levantar da cama e ir pra mesa - quem decidiu o cardápio? Aleluia, eu
é que não fui. Não penso mais nessas coisas.
Abro o jornal, leio todas as matérias e não me ocorre nenhum pensamento tipo: "É pró bolso destes malandros que vai meu imposto", "Não acredito que fizeram isso
com uma criança" ou "Caramba, como fui perder este show?". Eu não penso, portanto, não sofro.Passo por um espelho e não dou a mínima para o que vejo. Espinhas, olheiras, cabelo fora de moda, danem-se.
Moda, falei em moda? Era só o que me faltava ocupar meu cérebro com essas trivialidades.Tudo vazio lá dentro, um descampado, um silêncio,o paraíso.
Você não pensa mais em como aumentar sua renda mensal, em como fazer seus filhos comerem melhor, em como arranjar tempo para deixar o carro na revisão, em como encontrar um lugar barato para passar as férias, em como ajudar seus pais a atravessarem a velhice, em como não ser indelicada ao recusar um convite, em como ter coragem para chutar o balde, em como responder um e-mail irritante, em como esconder dos outros suas dores, em como arranjar tempo para ir ao médico, em como você tem medo de que as coisas nunca mudem e, se mudarem, em como enfrentar. Você não precisa pensar em mais nada, você pediu ao gênio e ele, camarada, atendeu. Aproveite, são apenas dois dias.
Não precisa ter opinião sobre o Lula, sobre o Alckmin, sobre a segurança do espaço aéreo, sobre a reviravolta do clima no planeta, sobre o último disco do Caetano,
sobre o vídeo da Cicarelli, sobre os resultados do Brasileirão. Você está de férias de você. Não tem nem motivo para chorar. Seu amor se foi? Tudo bem. Você não
pensa em rejeição, não pensa que ele tem outra, não pensa que vai surtar. Jogue fora os antidepressivos, não precisa nem mesmo passar creme anti-rugas. Por dois
dias, seu humor está neutro e suas rugas se foram. Esse seu olhar sereno, essa sua fala pausada... Nossa, sabia que você ficou até mais sexy?
Tudo isso é uma viagem sem sentido. Concordo. Mas vai dizer que, às vezes, acionar o pause no cérebro não lhe passa pela cabeça?"
4 de jun. de 2010
O QUE A DANÇA ENSINA / M.M.
"Reclamar do tédio é fácil, difícil é levantar da cadeira para fazer alguma coisa que nunca se fez. Pois dia desses aceitei um desafio: fiz uma aula de dança de salão,roxa de vergonha por ter que enfrentar um professor, um espelho enorme, outros alunos e meu total despreparo. Mas a graça da coisa é esta: reconhecer-se virgem.
com soberba não se aprende nada. Entrei na academia rígida feito um membro da guarda real e saí de lá praticamente uma mulata globeleza.
Exageros à parte, a dança sempre me despertou fascínio, tanto que me fez assistir ao filme que está em cartaz com o Antônio Banderas, Vem dançar, em que ele interpreta
um professor de dança de salão que tenta resgatar a auto-estima de uma turma de alunos rebeldes. Qualquer semelhança com uma dúzia de outros filmes do gênero, inspirados no clássico Ao mestre com carinho, não é coincidência, é beber da fonte assumidamente.
Excetuando-se os vários momentos-clichê da trama, o filme tem o mérito de esclarecer qual é a função didática, digamos assim, da dança. Na verdade, o simples prazer
de dançar bastaria para justificar a prática, mas vivemos num mundo onde todos se perguntam o tempo todo "para que serve?". Para que serve um beijo, para que serve
ler, para que serve um pôr-do-sol? É a síndrome da utilidade. Pois bem, dançar tem, sim, uma serventia. Nos ensina a ter confiança, se é que alguém ainda lembra
o que é isso.
Hoje ninguém confia, é verbo em desuso. Você não confia em desconhecidos e também em muitos dos seus conhecidos. Não confia que irão lhe ajudar, não confia que
irão chegar na hora marcada, não confia os seus segredos, não confia seu dinheiro. Dormimos com um olho fechado e o outro aberto, sempre alertas, feito escoteiros.
O lobo pode estar a seu lado, vestindo a tal pele de cordeiro.
Então, de repente, o que alguém pede a você? Que diga sim. Que escute atentamente a música. Que apoie seus braços em outro corpo. Que se deixe conduzir. Que não tenha vergonha. Que libere seus movimentos. Que se entregue.
Qualquer um pode dançar sozinho. Aliás, deve. Meia hora por dia, quando ninguém estiver olhando, ocupe a sala, aumente o som e esqueça os vizinhos. Mas dançar com
outra pessoa, formando um par, é um ritual que exige uma espécie diferente de sintonia. Olhos nos olhos, acerto de ritmo. Hora de confiar no que o parceiro está
propondo, confiar que será possível acompanhá-lo, confiar que não se está sendo ridículo nem submisso, está-se apenas criando uma forma diferente e mágica de convivência.
Ouvi uma coisa linda ao sair do cinema: se os casais, hoje, dedicassem um tempinho para dançar juntos, mesmo em casa - ou principalmente em casa -, muitas discussões
seriam poupadas. É uma espécie de conexão silenciosa, de pacto, um outro jeito de fazer amor.
Dançar é tão bom que nem precisava servir pra nada. Mas serve."
com soberba não se aprende nada. Entrei na academia rígida feito um membro da guarda real e saí de lá praticamente uma mulata globeleza.
Exageros à parte, a dança sempre me despertou fascínio, tanto que me fez assistir ao filme que está em cartaz com o Antônio Banderas, Vem dançar, em que ele interpreta
um professor de dança de salão que tenta resgatar a auto-estima de uma turma de alunos rebeldes. Qualquer semelhança com uma dúzia de outros filmes do gênero, inspirados no clássico Ao mestre com carinho, não é coincidência, é beber da fonte assumidamente.
Excetuando-se os vários momentos-clichê da trama, o filme tem o mérito de esclarecer qual é a função didática, digamos assim, da dança. Na verdade, o simples prazer
de dançar bastaria para justificar a prática, mas vivemos num mundo onde todos se perguntam o tempo todo "para que serve?". Para que serve um beijo, para que serve
ler, para que serve um pôr-do-sol? É a síndrome da utilidade. Pois bem, dançar tem, sim, uma serventia. Nos ensina a ter confiança, se é que alguém ainda lembra
o que é isso.
Hoje ninguém confia, é verbo em desuso. Você não confia em desconhecidos e também em muitos dos seus conhecidos. Não confia que irão lhe ajudar, não confia que
irão chegar na hora marcada, não confia os seus segredos, não confia seu dinheiro. Dormimos com um olho fechado e o outro aberto, sempre alertas, feito escoteiros.
O lobo pode estar a seu lado, vestindo a tal pele de cordeiro.
Então, de repente, o que alguém pede a você? Que diga sim. Que escute atentamente a música. Que apoie seus braços em outro corpo. Que se deixe conduzir. Que não tenha vergonha. Que libere seus movimentos. Que se entregue.
Qualquer um pode dançar sozinho. Aliás, deve. Meia hora por dia, quando ninguém estiver olhando, ocupe a sala, aumente o som e esqueça os vizinhos. Mas dançar com
outra pessoa, formando um par, é um ritual que exige uma espécie diferente de sintonia. Olhos nos olhos, acerto de ritmo. Hora de confiar no que o parceiro está
propondo, confiar que será possível acompanhá-lo, confiar que não se está sendo ridículo nem submisso, está-se apenas criando uma forma diferente e mágica de convivência.
Ouvi uma coisa linda ao sair do cinema: se os casais, hoje, dedicassem um tempinho para dançar juntos, mesmo em casa - ou principalmente em casa -, muitas discussões
seriam poupadas. É uma espécie de conexão silenciosa, de pacto, um outro jeito de fazer amor.
Dançar é tão bom que nem precisava servir pra nada. Mas serve."
3 de jun. de 2010
"OS QUATRO FANTASMAS" M.M.
"Leiga, totalmente leiga em psicanálise, é o que sou. Mas interessada como se dela dependesse minha sobrevivência. Para saciar essa minha curiosidade, costumo ler
alguns livros sobre o assunto, e acabei descobrindo, através do escritor Irvin Yalom, as quatro principais questões que assombram nossas vidas e que determinam nossa sanidade mental. São elas:
1) sabemos que vamos morrer;
2) somos livres para viver como desejamos;
3) nossa solidão é intrínseca;
4) a vida não tem sentido.
Basicamente, isso. Nossas maiores angústias e dificuldades advêm da maneira como lidamos com nossa finitude, com nossa liberdade, com nossa solidão e com a gratuidade
da vida. Sábio é aquele que, diante dessas quatro verdades, não se desespera.
Realmente, não são questões fáceis. A consciência de que vamos morrer talvez seja a mais desestabilizadora, mas costumamos pensar nisso apenas quando há uma ameaça
concreta: o diagnóstico de uma doença ou o avanço da idade. As outras perturbações são mais corriqueiras. Somos livres para escolher o que fazer de nossas vidas,
e isso é amedrontador, pois coloca a responsabilidade em nossas mãos. A solidão assusta também, mas sabemos que há como conviver com ela: basta que a gente dê conteúdo à nossa existência, que tenhamos uma vontade incessante de aprender, de saber, de se autoconhecer. Quanto à gratuidade da vida, alguns resolvem com religião, outros com bom humor e humildade. O que estamos fazendo aqui? Estamos todos de passagem. Portanto, não aborreça os outros nem a si próprio, trate de fazer o bem e de se divertir, que já é um grande projeto pessoal.
Volto a destacar: bom humor e humildade são essenciais para ficarmos em paz. Os arrogantes são os que menos conseguem conviver com a finitude, com a liberdade,
com a solidão e com a falta de sentido da vida. Eles se julgam imortais, eles querem ditar as regras para os outros, eles recusam o silêncio e não vivem sem aplausos
e holofotes, dos quais são patéticos dependentes. A arrogância e a falta de humor conduzem muita gente a um sofrimento que poderia ser bastante minimizado: bastaria
que eles tivessem mais tolerância diante das incertezas.
Tudo é incerto, a começar pela data da nossa morte. Incerto é nosso destino, pois, por mais que façamos escolhas, elas só se mostrarão acertadas ou desastrosas lá
adiante, na hora do balanço final. Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só. Enfim, incerta é a vida e tudo o que ela
comporta. Somos aprendizes, somos novatos, mas beneficiários de uma dádiva: nascemos. Tivemos a chance de existir. De nos relacionar. De fazer tentativas. O sentido disso tudo? Fazer parte. Simplesmente fazer parte.
Muitos têm uma dificuldade tremenda em aceitar essa transitoriedade. Por isso a psicoterapia é tão benéfica. Ela estende a mão e ajuda a domar nosso medo. Só convivendo amigavelmente com estes quatro fantasmas - finitude, liberdade, solidão e falta de sentido da vida - é que conseguiremos atravessar os dias de forma mais alegre e desassombrada."
alguns livros sobre o assunto, e acabei descobrindo, através do escritor Irvin Yalom, as quatro principais questões que assombram nossas vidas e que determinam nossa sanidade mental. São elas:
1) sabemos que vamos morrer;
2) somos livres para viver como desejamos;
3) nossa solidão é intrínseca;
4) a vida não tem sentido.
Basicamente, isso. Nossas maiores angústias e dificuldades advêm da maneira como lidamos com nossa finitude, com nossa liberdade, com nossa solidão e com a gratuidade
da vida. Sábio é aquele que, diante dessas quatro verdades, não se desespera.
Realmente, não são questões fáceis. A consciência de que vamos morrer talvez seja a mais desestabilizadora, mas costumamos pensar nisso apenas quando há uma ameaça
concreta: o diagnóstico de uma doença ou o avanço da idade. As outras perturbações são mais corriqueiras. Somos livres para escolher o que fazer de nossas vidas,
e isso é amedrontador, pois coloca a responsabilidade em nossas mãos. A solidão assusta também, mas sabemos que há como conviver com ela: basta que a gente dê conteúdo à nossa existência, que tenhamos uma vontade incessante de aprender, de saber, de se autoconhecer. Quanto à gratuidade da vida, alguns resolvem com religião, outros com bom humor e humildade. O que estamos fazendo aqui? Estamos todos de passagem. Portanto, não aborreça os outros nem a si próprio, trate de fazer o bem e de se divertir, que já é um grande projeto pessoal.
Volto a destacar: bom humor e humildade são essenciais para ficarmos em paz. Os arrogantes são os que menos conseguem conviver com a finitude, com a liberdade,
com a solidão e com a falta de sentido da vida. Eles se julgam imortais, eles querem ditar as regras para os outros, eles recusam o silêncio e não vivem sem aplausos
e holofotes, dos quais são patéticos dependentes. A arrogância e a falta de humor conduzem muita gente a um sofrimento que poderia ser bastante minimizado: bastaria
que eles tivessem mais tolerância diante das incertezas.
Tudo é incerto, a começar pela data da nossa morte. Incerto é nosso destino, pois, por mais que façamos escolhas, elas só se mostrarão acertadas ou desastrosas lá
adiante, na hora do balanço final. Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só. Enfim, incerta é a vida e tudo o que ela
comporta. Somos aprendizes, somos novatos, mas beneficiários de uma dádiva: nascemos. Tivemos a chance de existir. De nos relacionar. De fazer tentativas. O sentido disso tudo? Fazer parte. Simplesmente fazer parte.
Muitos têm uma dificuldade tremenda em aceitar essa transitoriedade. Por isso a psicoterapia é tão benéfica. Ela estende a mão e ajuda a domar nosso medo. Só convivendo amigavelmente com estes quatro fantasmas - finitude, liberdade, solidão e falta de sentido da vida - é que conseguiremos atravessar os dias de forma mais alegre e desassombrada."
2 de jun. de 2010
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