11 de out. de 2009


Donna – A ideia da alma gêmea, apresentada em O Banquete, de Platão, é desconstruída por muitos filósofos e também pelas decepções amorosas que enfrentamos na vida. Por que, apesar de tudo, tantas pessoas ainda acreditam em um par perfeito?

Marie Lemonnier - Talvez porque o amor seja nosso único consolo contra a angústia da morte. E sem dúvida porque a ideia da alma gêmea aparece desde as origens da filosofia em O Banquete. Trata-se do mito da metade da laranja da qual nós fomos originalmente separados pela vontade de Zeus. Nós o encontraremos mais tarde na imagem do sapatinho da Cinderela, que simbolizará em nosso imaginário esse ser único, desconhecido, que nos espera em algum lugar. A lógica gostaria que o reencontro das duas metades oferecesse um sentimento de completude, mas seguidamente as condições da vida, nossos fracassos, nossos múltiplos desejos e contrariedades refutam esta ilusão. No entanto, esta crença inconsciente persiste. Por quê? Segundo Platão, a razão disso reside no trágico da condição humana.

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