17 de out. de 2009

Ser de ninguém
Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares,
levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo
mundo e todo mundo é meu também".No entanto, passado o efeito do uísque
com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da
geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou
alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão,ausência de
interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.
Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo
beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é
preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do
descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não
saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não
se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num
dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto
abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho
e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e
ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa
companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém
para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar
lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar".
Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de
ninguém.
É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...
A.Jabor

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